terça-feira, 13 de maio de 2008

SÁTIRAS À ORGANIZAÇÃO





- Por Augusto Gomes e Fabiana Carvalho

Os estruturalistas abordam a organização sob um ponto de vista eminentemente crítico. Contudo, surgiram livros de cunho humorístico, pitoresco e irreverente, e que expõem à sátira o paradoxo e o aparente absurdo de alguns aspectos tradicionalmente aceitos dentro das organizações. Demonstram o ridículo de certos princípios dogmáticos, utilizam afirmações jocosas e absolutas, exemplos perfunctórios e, sobretudo, demonstram uma visão apocalíptica da irreparável entropia das organizações. Apesar de não proporem qualquer tipo de solução, esses autores satíricos – da abordagem do nonsense – apontam falhas e incongruências no processo aparentemente racional da organização. Seu sucesso literário, entretanto, tende a popularizar umas visões críticas, ácidas e negativas do funcionamento das organizações. Obviamente, pecam pelo exagero.

  • Northcote Parkinson – A lei de Parkinson

"É o homem mais ocupado que tem mais tempo livre"


Você provavelmente já percebeu que se tiver dez minutos para escrever um relatório, você vai escrevê-lo em dez minutos. Mas se tiver quatro horas, vai levar quatro horas para fazer a mesma coisa.

A Lei de Parkinson explica esse… fenômeno: o trabalho existente aumenta a fim de preencher e ocupar todo o tempo disponível para a sua conclusão.
Entendeu agora porque toda a vez que você tem que apresentar algum tipo de relatório, conclusão de tarefa, ou até mesmo um trabalho na faculdade , é muito comum… estourarmos o prazo disponível?
Se você destinar, por exemplo, uma hora para terminar um relatório, é bem provável que termine neste prazo. E se você destinar duas horas para terminar o mesmo relatório é bem provável que… também termine-o dentro deste prazo de duas horas!!!

  • Peter e Hull - Princípio de Peter

"Numa hierarquia, todo empregado tende a ascender até seu nível de incompetência"

O funcionário que é promovido pelo bom desempenho no seu cargo, poderá não ter a capacidade para o mesmo bom desempenho no novo cargo. Se tiver, corre o risco de ser promovido novamente, até chegar num cargo onde, por não conseguir repetir o bom desempenho, não será mais promovido.

Visto que a despromoção não é um mecanismo habitual, as pessoas mantém-se nessas posições prejudicando a organização onde se encontram. É isso que Peter designa por "nível de incompetência" - o grau a partir do qual as pessoas já não possuem competências para a posição que ocupam.

Victor Thomson - Dramaturgia Administrativa

"A organização só alcançará um caráter pluralista quando o conflito entre a autoridade hierárquica e a autoridade do conhecimento do especialista for reconhecida e aceito."

Defende a tese de que nas organizações existe um forte desequilíbrio entre o direito de decidir e o poder de realizar. Habilidade, especialização e competência são aspectos que entram continuamente em choque com autoridade, generalização e hierarquia.
Analisando a origem da hierarquia, Thompson salienta que ela é mágica e religiosa. A hierarquia passou a ser burocrática quando foi organizada racionalmente através de uma cadeia de níveis em que as funções são dispostas numa relação escalar de poder do superior sobre o subalterno. As funções hierárquicas passaram a ser estritamente disciplinada. Porém, a hierarquia não detém a competência de conhecimentos nos capaz de proporcionar decisões e desempenho técnico adequado.
A conclusão geral de Thompson é de que, primeiro, a produção e a inovação variam inversamente: quando maior, uma, menor a outra, e vice-versa. E em segundo lugar, a hierarquia fundamenta-se numa estrutura monocrática e rotineira e, portanto, contrária à criatividade e à inovação.

  • Antony Jay - Maquiavelismo nas organizações

"A nova ciência da Administração não é, na verdade, mais do que uma continuação da velha arte de governar"

Antony Jay publicou um livro no qual procura demonstrar que "a nova ciência da Administração não é, na verdade, mais do que uma continuação da velha arte de governar", baseando-se em Maquiavel. Nicclò Machiavelli escreveu o livro O Príncipe em 1513, oferecido a Lourenço de Médici, como sugestões para a difícil arte de governar. No livro expõe a sua teoria política, conhecida como maquiavelismo, cujos principais aspectos são:
· Independência da política em relação à moral: os fins justificam os meios.
· O princípio deve agir de acordo com o interesse particular, sem considerar a palavra empenhada ou os acordos estabelecidos.
· Oportunismo: o príncipe deve identificar-se com o povo e ter sempre em mira o bem público.
· A ação do príncipe é necessária, mas não santificada: acima do ideal está a realidade implacável, férrea e iníqua.
A característica principal da obra política de Maquivel é o seu relativismo moral, ou, em outras palavras, o seu desapego à moral. Para Maquiavel, a moral é contingente e circunstancial. Por isso, a palavra maquiavelismo passou a ser usada, tanto na esfera pública como na particular, para designar ações sagazes e hipócritas, nas quais os fins são mais importantes do que os meios. Os fins alcançados justificam os meios empregados, por piores que sejam. O livro retrata a arte de governar pela força, malícia, intimidação e astúcia.

  • Scott Adams - As tiras de Dilbert

Provavelmente, a perspectiva mais gozadora do mundo dos negócios se encontra no personagem Dilbert de Sott Adams. Suas tiras cômicas e humorísticas a respeito do mundo dos negócios em função das práticas administrativas que o autor percebia enquanto trabalhava em uma grande organização.

Um comentário:

Elson A. Pinto disse...

UMA DAS GRANDES VIRTUDES DA HUMANIDADE ESTA CENTRADA NA COMPARTILHIZAÇÃO DO SABER, AS PALAVRAS JUNTADAS DE FORMA ESTRUTURADAS, DEIXARAM LEGADOS COM VALORES INCALCULAVEIS.O DESPERTAR DO SABER AS VEZES ESTAM CONTIDOS EM ENTRELINHAS DE UM PENSAMENTO OU DE UMA FRASE. QUANDO LEMOS COM ATENÇÃO E UMA BOA OBSERVAÇÃO, DESCOBRIMOS ALI A RAZÃO E A EXPLICAÇÃO DO FUNCINAMENTO ATUAL DAS COISAS.ELSON A.PINTO (ECONOMISTA)